2010/08/20

Sergey Mikhailovich Prokudin-Gorskii: império russo








Seriam fotos relativamente banais, se não tivessem sido feitas entre 1909 e 1912, muito antes do advento da fotografia a cores.

Com efeito, o russo Sergey Mikhailovich Prokudin-Gorskii (1863-1944), que foi discipulo de Dmitri Mendeleev (criador da tabela periódica dos elementos) desenvolveu uma técnica fototográfica que consistia em efectuar 3 exposições sucessivas de cada tema, usando 3 filtros de cor: vermelha, verde e azul. A misturas das três imagens obtidas desta forma, que Prokudin-Gorskii fixava em negativos de finas lâminas de vidro, permite obter uma ampla gama de cores. Este é, de resto, o sistema de cores usado nos ecrans actuais, hoje designado RGB (reg, green, blue). Com o patrocínio do czar Nicolau II, Prokudin-Gorskii empreendeu entre 1909 e 1915, uma viagem documental pela Rússia imperial, tendo registado milhares de negativos. Em 1948, parte destes foram vendidos à Library of Congress (LCO), a qual desenvolveu, já em 2001, um método que permite obter imagens brilhantes dos scans efectuados aos negativos originais, que se encontram degradados pelo tempo.




Em contraponto às imagens dos incêndios florestais que assolaram a Rússia nas últimas semanas, o diário americano The Boston Globe publica hoje uma série de 35 imagens, disponibilizadas pela LCO, que permitem de forma  vívida viajar até um espaço e tempo  que ainda não podia imaginar as mudanças, não só nas cores, que o século XX lhe iria trazer.

2010/08/19

Amália Rodrigues: havemos de ir a viana

Entre sombras misteriosas
em rompendo ao longe estrelas
trocaremos nossas rosas
para depois esquecê-las.

Se o meu sangue não me engana
como engana a fantasia
havemos de ir a Viana
ó meu amor de algum dia
ó meu amor de algum dia
havemos de ir a Viana
se o meu sangue não me engana
havemos de ir a Viana.

Partamos de flor ao peito
que o amor é como o vento
quem
pára perde-lhe o jeito
e morre a todo o momento.

Se o meu sangue não me engana
como engana a fantasia
havemos de ir a Viana
ó meu amor de algum dia
ó meu amor de algum dia
havemos de ir a Viana
se o meu sangue não me engana
havemos de ir a Viana.

Ciganos, verdes ciganos
deixai-me com esta crença
os pecados têm vinte anos
os remorços têm oitenta.

[música: Alain Oulman; letra: Pedro Homem de Melo]


Né Ladeiras: pingacho

Por beilar l pingacho, dórun-m'un rial
Por beilar l pingacho, dórun-m'un rial

beila-lo,
beila-lo picorcito
beila-lo,
que te quiero un pouquito
beila-lo,
beila-lo de lhado
de l outro ancostado
i de delantreira
tamien de traseira
ora si que te quiero morena
ora si que te quiero salada

se lo beilas bien
darei-te un teston
las que beilan bien
sei eu quales son

Por beilar l pingacho, dórun-me dieç reis
beila-se de quatro i tamien de seis


[popular: Miranda do Douro]

2010/08/11

Perseidas 2010

As madrugadas de amanhã e de depois de amanhã são o momento para observar a chuva de meteoros proveniente da nuvem de fragmentos rochosos que o cometa 109P/Swift-Tuttle transporta quando, a cada 135 anos, visita a zona do espaço que a terra agora atravessa, no seu movimento de translação. As perseidas são assim designadas porque o ponto de onde parecem ter origem, do ponto de vista de um observador na Terra, se localizar na constelação de Perseus.

Segundo os astrónomos, este ano é particularmente favorável à observação do fenómeno, uma vez que a fase da lua se encontrará num incipiente quarto crescente, e terá o seu ocaso relativamente cedo, deixando o céu escuro e permitindo que os meteoros brilhem com maior contraste. Fora das cidades, onde a luz artificial não ofusca o fenómeno, os cabeças no ar e falta de sono podem, com sorte, esperar observar até 100 objectos por hora.      

2010/08/10

É obra


De 17% em 2005 a cerca de 45% de utililização de energias renováveis em 2010. É tema de um extenso artigo publicado nas versões online e impressa de hoje da versão nova-iorquina do New York Times.

2010/08/06

Supernova 1987A a três dimensões



«Utilizando o Very Large Telescope do European Southern Observatory, os astrónomos obtiveram pela primeira vez uma imagem tridimensional da distribuição do material mais interior expelido por uma estrela que acabou de explodir. De acordo com os novos resultados, a explosão original foi intensa e teve uma direcção privilegiada, o que constitui uma forte indicação de que a supernova terá sido muito turbulenta, corroborando assim os mais recentes modelos computacionais.»

 [european southern observatory]

2010/08/03

Joe Hisaishi: one summer's day

A(i) é?

«É a um chumbo - e também a uma expulsão do liceu - que Portugal deve um dos seus mais extraordinários romances. Vitorino Nemésio foi expulso do Liceu de Angra, onde reprovou no antigo 5º ano. Aos 16 anos, Nemésio é enviado para a ilha do Faial, para se preparar para os exames do "Curso Geral dos Liceus" (equivalente ao actual 9º ano) e é nessa estada na Horta que começa a desenhar os elementos do "Mau Tempo no Canal". No dia 16 de Julho de 1918, com 16 anos, Nemésio termina o curso geral dos liceus, com a mortificadora média de "10 valores". O mau aluno virá a ser professor universitário e um dos melhores escritores portugueses.Talvez o pior argumento antimudanças seja o chumbo "exemplar" de Cavaco Silva: o actual Presidente da República chumbou no 3º ano do liceu - actual 7º ano de escolaridade - e o pai obrigou-o a trabalhar na terra e ajudar no negócio da família. Na sua autobiografia, o Presidente da República considera esse chumbo - e a "lição" do pai - um marco na sua vida, que o tornaria depois um estudante aplicadíssimo.»    

[Ana Sá Lopes in ionline]

Se bem percebi, chumbar não será à primeira vista uma coisa boa, mas bem vistas as coisas, até poderá ser uma coisa excelente... À luz do mesmo raciocínio acabamos por nos sentir instados a considerar que as reguadas, bofetões, puxões de orelhas e canas da índia meneadas sobre cabeças de crianças de oito anos, à espera de pretexto que as faça cair, serão não mais que "lições" cujo resultado futuro se augura, em regra, proveitoso. Isto para não falar do insulto gratuito e achincalhamento justificados pelo défice intelectual ou cognitivo, se não quando, meramente motivados pelos castos humores momentâneos da “mestra”. Ainda há pouco mais de duas décadas, procedimentos destes eram, se já não universais, ainda relativamente tolerados em Portugal. Nada mais errado, veio o tempo confirmar, exemplo patente nas dezenas - de vítimas da pedagogia do abuso e do medo - que posso tratar por tu.