2010/10/08

A teoria do cavalo morto

A sabedoria tribal dos índios Dakota, passada de geração em geração, diz que: "Quando descobres que estás montado num cavalo morto, a melhor estratégia é desmontar".
No entanto, nos negócios, educação e governo de hoje, estratégias mais avançadas são frequentemente empregadas em tais situações, tais como:
1. Comprar um chicote mais forte.
2. Mudar de cavaleiro.
3. Ameaçar o cavalo com a morte.
4. Nomear uma comissão para estudar o cavalo.
5. Visitar outros países para ver como outras culturas montam cavalos mortos.
6. Baixar os padrões de modo que os cavalos mortos podem ser incluídos.
7. Reclassificar o cavalo morto como inválido.
8. Contratar mão-de-obra externa para montar o cavalo morto.
9. Arnesar vários cavalos mortos para aumentar a velocidade.
10. Conceder financiamento adicional e/ou treino para aumentar o desempenho do cavalo morto.
11. Elaborar um estudo de produtividade para ver se os cavaleiros mais leves melhorariam o desempenho do cavalo morto.
12. Declarar que, como o cavalo morto não tem de ser alimentado, é menos dispendioso, traz menos encargos e, portanto, contribui mais para os resultados finais da economia do que alguns outros cavalos.
13. Reescrever os requisitos de desempenho para todos os cavalos.
14. Promover o cavalo morto a uma posição de supervisão para que este possa contratar outro cavalo.

[recebido por email]

2010/10/02

Gliese 581g: planeta potencialmente habitável a 20 anos-luz


[ESO/Franck Selsis, University of Bordeaux]

«Planetas rochosos, parecidos com a Terra, já foram descobertos. Mas este, a 20 anos-luz de distância de nós, é o primeiro que parece ser habitável, dizem cientistas norte-americanos.
O Gliese 581g é um dos seis planetas do sistema em torno da estrela Gliese 581 (uma anã vermelha, que fica na Constelação da Balança), tem uma massa três vezes superior à da Terra e parece ser rochoso. Orbita a sua estrela a uma distância que o coloca dentro da chamada “zona habitável”, onde a água poderá existir em estado líquido à superfície do planeta. E tem um diâmetro 1,2 a 1,4 vezes superior ao da Terra, portanto terá gravidade suficiente para conseguir reter a sua atmosfera.

A descoberta, que resulta de 11 anos de observações, foi feita por cientistas da Universidade da Califórnia, Santa Cruz, e do Instituto Carnegie, em Washington. Foi anunciada esta madrugada em comunicado de imprensa, e colocada online, no site de publicação de artigos de investigação da área da física arXiv.org, mas será também publicada na revista científica “Astrophysical Journal”.

Para os astrofísicos, um planeta “potencialmente habitável” é aquele que pode sustentar vida – não necessariamente um que os humanos considerem bom para se viver. Este fica bem no meio da zona habitável do sistema solar – onde não fica demasiado quente nem demasiado frio, onde pode haver rios e oceanos à superfície.

Mas um ano em Gliese 581g dura apenas 37 dias – é este o tempo que leva a completar uma volta à sua estrela. E mostra sempre a mesma cara à estrela, como a Lua faz com a Terra. Assim, no lado do planeta virado para o Sol é sempre dia e no que fica na obscuridade – a noite é eterna.

As temperaturas à superfície oscilam, por isso, entre o calor escaldante e o frio de enregelar – mas a temperatura média é negativa: -31 a -12 graus Célsius, diz um comunicado de imprensa da Universidade da Califórnia em Santa Cruz. Mas, como terá atmosfera, poderá ter um efeito de estufa capaz de harmonizar melhor as condições na superfície..”»

[Público.pt]

2010/10/01

Ó glória de mandar! Ó vã cobiça



94
Mas um velho, de aspecto venerando,
Que ficava nas praias, entre a gente,
Postos em nós os olhos, meneando
Três vezes a cabeça, descontente,
A voz pesada um pouco alevantando,
Que nós no mar ouvimos claramente,
C'um saber só de experiências feito,
Tais palavras tirou do experto peito:
95
- Ó glória de mandar! Ó vã cobiça
Desta vaidade, a quem chamamos Fama!
Ó fraudulento gosto, que se atiça
C'uma aura popular, que honra se chama!
Que castigo tamanho e que justiça
Fazes no peito vão que muito te ama!
Que mortes, que perigos, que tormentas,
Que crueldades neles experimentas!

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- Dura inquietação d'alma e da vida,
Fonte de desamparos e adultérios,
Sagaz consumidora conhecida
De fazendas, de reinos e de impérios:
Chamam-te ilustre, chamam-te subida,
Sendo dina de infames vitupérios;
Chamam-te Fama e Glória soberana,
Nomes com quem se o povo néscio engana!

97
- A que novos desastres determinas
De levar estes reinos e esta gente?
Que perigos, que mortes lhe destinas
Debaixo dalgum nome preminente?
Que promessas de reinos, e de minas
D'ouro, que lhe farás tão facilmente?
Que famas lhe prometerás? que histórias?
Que triunfos, que palmas, que vitórias?
[Luís de Camões in Os Lusíadas, canto IV, 94-97]