2010/05/02

Pôr as barbas de molho


Depois do badalado descalabro da economias Grega e Irlandesa, durante a passada semana coube a Portugal e Espanha verem a classificação do risco da sua dívida ser reduzida pela agência de notação financeira Standard & Poor's de A+ para A e de AA+ para AA, respectivamente. Ao mesmo tempo, adensam-se as críticas dos economistas que acusam as agências americanas de rating de classificarem as empresas e os estados de forma caprichosa, fomentando os movimentos especulativos e disseminando o pânico nos mercados. Os mais ousados advogam mesmo que se trata de uma acção consertada, com vista a enfraquecer o euro em beneficio do dólar.

Como quem brinca aos blocos centrais, o primeiro-ministro José Sócrates e o recém-eleito líder da oposição Pedro Passos Coelho sentam-se à mesma mesa para discutir a atitude adoptar perante a conjuntura económica. Aparentando genuíno sentido de estado, concordam antecipar algumas das medidas já previstas no Programa de Estabilidade e Crescimento aprovado na A.R. e em Bruxelas, designadamente a redução do subsídio de desemprego e o congelamento do valor das prestações sociais não contributivas. O Ministro das Finanças, Teixeira dos Santos, equacionou esta quinta-feira a possibilidade de reposição da taxa máxima do IVA para 21%, em caso de necessidade.

Por seu turno, o governo Espanhol do socialista José Luis Zapatero, anunciou anteontem um plano visando a redução dos gastos públicos, que passa pela eliminação 29 empresas públicas e pelo corte de 32 altos cargos de responsáveis de vários ministérios. O plano de racionamento do sector público inclui ainda a fixação da taxa de reposição de quadros num máximo de dez por cento, visando reduzir os custos com pessoal em cerca de quatro por cento.

Aparte os recorrentes lirismos da extrema-esquerda, parece consensual que, em tempos de crise económica, a estratégia de defesa dos ataques financeiros internacionais passa inevitávelmente pela definição concreta e firme de medidas de austeridade, acompanhada da subida de impostos, que permitam reduzir o défice excessivo. Se dos bons ventos se diz que não sopram de Espanha, sopram pelos menos (desde já). bons exemplos.

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